segunda-feira, 5 de outubro de 2009

VARANDA

(por Sophia)

Depois do dia em que te deixei, meu bem,
nunca mais os dias foram meus:
finas membranas dissipadas no ar,
hímens rompidos.
Tudo agora é feito bolha de sabão que
daqui a pouco já nem é mais,
para meu delicado espanto.
Digo que não posso mais tocar a solidez dos dias
tal qual outrora pude,
consegues mensurar meu desvario?
Os dias então são apenas a ressonância do que fomos –
pense na imagem dos marcos deixados na areia
pelo recuar das ondas.
E os ecos da saudade ressoam em desatino,
invadem a casa,
as janelas que dão para a varanda estão abertas.



(da série "Cômodos", inspirada na poesia puerperal de Eduardo Martins: puerperal.blogspot.com)

2 comentários:

ana f. disse...

tomara que volte

Adri. disse...

Partida...

Emoção

Beijo