quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Guardei no bolso as boas maneiras:
num espelho quebrado a ternura em cacos

Não gosto dos banhos porque
os banhos me desgastam
Me transformam irremediavelmente em limpa e com cheiro de nada

Deixei meus pudores e ascos na última esquina
Quero-me suja
assim como quero sujar o poema
(mais ainda do que fez Gullar)

Dias passam e abraço a mim mesma feito pedregulho
As pessoas quase não sabem ler pelas gretas o olor que exala do lírico de mim.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

É como uma porta que não abro: se aberta, um abismo vasto. Duradouro. (É como o curioso de querer saber a dor de um espinho, saborear o vermelho orgástico da certeza quase adivinhada, mas aquela dor será minha nova sina - um pouco mais branda porque concreta, mais leve que o peso de meus escrúpulos.)


Depois, tudo em volta é nada sutilmente tomado por uma presença morna. Pungente, ainda que quase tenra.