quarta-feira, 30 de setembro de 2009

SALA DE ESTAR

(por Inês)

Mas é domingo e não quero,
é domingo e não o vi chegar,
sentado no sofá esperando o chá das cinco
está domingo e todo seu silêncio.
Essa ausência arrebatadora me perfura
os tímpanos e o macio do sono
já não mais me acolhe,
amanhã cuidarei da vida, amanhã
distrair-me-ão as frutas maduras colhidas na feira –
mas amanhã não chega, amanhã
não existe e os domingos não têm fim;
têm o tamanho e duram o tempo dessa colcha
que bordei para fazer passar domingo,
é domingo e sempre,
é domingo e
basta.

(da série "Cômodos", inspirada na poesia puerperal de Eduardo Martins: puerperal.blogspot.com)

Um comentário:

ornitorrinco junkie disse...

http://impressaocrua.blogspot.com/2009/10/uma-tarde-de-domingo.html

um texto garimpado das profundezas do cache do google, onde os blogspots morrem, mas a poesia ainda sobrevive. restos imortais do cemitério virtual.

o arthur é um amigo especial da ana que tinha um blog e deletou. e tinha esse texto que ela queria mandar pra você.
mas a gente conseguiu recuperá-lo das garras googlélicas.

abraços,
marcos, matheus e ana