quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Como peixe de aquário assustado
Colo na superfície do poema minha boca aberta de espasmos



(De que maneira pautar o deslumbre?)



Não escondo:
Enquanto minha sede quer transbordar pelo gargalo,
Minha carcaçarapuça se enrudece feito pedra
Mas
Quero ser suficientemente livre para fazer as metáforas delirarem
Arranhar um grito lascivo nessa laringe com gosto amargo de mel

Não quero mais sustentar na (con)cavidade dos olhos essa sensatez carcomida

É muito cansaço para as minhas pupilas...

Engolirei o mundo sem saber de conveniências nem filosofias:
A mim me basta a poesia*

(O que ainda me pendura no varal das vertigens

São de fato os meus múltiplos quereres
Que brotam não sei de onde,

talvez do meu umbigo)


*a poesia é um chorar colorido
é um jogo violeta de hiatos
- dança de metáforas -
a poesia é um excremento lindo
a poesia é um orgasmo no peito
a poesia é um flutuar de coisas que não acaba
a poesia não é ufanismo não é ufania
a poesia é uma utopia boa
poesia é ócio é cio
.

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